Produtores, médicos e consumidores podem comemorar: a carne bovina faz bem para a saúde humana. Considerada vilã por muito tempo, a carne do boi a pasto ou confinado foi testada e aprovada mostrando que a falta de informação, o excesso de consumo e a escolha de cortes com gordura, associados a hábitos poucos saudáveis, eram responsáveis pela sua imagem negativa.
Em setembro, durante o 66º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Porto Alegre (RS), foi apresentado o resultado de uma pesquisa desenvolvida no Instituto Cardiológico do Rio Grande do Sul, realizada com 70 voluntários, divididos em dois grupos. Sob a organização do Dr. Iran Castro, coordenador de normatizações das diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o experimento teve a duração de cinco semanas e um grupo recebeu diariamente 125 gramas de carne vermelha de gado criado a pasto e o outro comeu a mesma quantidade, porém de gado confinado, engordado mais rapidamente em estábulos e alimentado com ração. Ambos receberam carne magra durante todo o período.
Os resultados mostraram que não ocorreram diferenças significativas no teor do colesterol sanguíneo e demais lipídios nas pessoas que consumiram carne de bovinos criados a pasto ou confinados. A suspeita maior era que o animal confinado, por ter um maior teor de gordura saturada e colesterol, poderia transmitir para o consumidor uma concentração maior de gordura sanguínea.
Outras diferenças foram observadas como, por exemplo, o teor lipídico sanguíneo nos diferentes cortes gordurosos e magros da carne bovina: filé mignon x picanha, patinho x cupim ou costela. Foi constatado também que o teor de gordura é maior na carne processada (embutidos) do que no produto in natura. Outro ponto a ser destacado é que estudo demonstrou que a carne proveniente de animais taurinos concentra maior quantidade de gordura e colesterol do que a carne proveniente de raças zebuínas.
A conclusão final deste trabalho científico brasileiro confirma o apontamento de recentes pesquisas realizadas no Exterior. O cardiologista Kevin J. Croce da Universidade de Harvard (USA) publicou na revista Circulation no final de 2010 um estudo sobre os impactos da carne vermelha na saúde humana realizado com 56 mil pessoas. O resultado mostrou que a carne bovina não causa qualquer malefício à saúde humana, desde que consumida sem gordura e em quantidades moderadas, em torno de 150 gramas/dia.
De acordo com Nabih Amin El Aouar, pecuarista, médico cardiologista e diretor social e marketing da Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN) que esteve presente no Congresso “esses estudos representaram um grande avanço na tentativa de desmitificar essa conceituação errada e inadequada, como também transmitir informações para os profissionais de saúde e para a população em geral da credibilidade e segurança no consumo moderado da carne bovina magra, além dos enormes benefícios que traz para a saúde humana”. Para Nabih, o tema faz parte da programação do 3º Congresso Capixaba de Pecuária Bovina para a conscientização da população sobre esses atuais conceitos.
A ACCN realiza em novembro, o 3º Congresso Capixaba de Pecuária Bovina, e um dos temas abordados será O Impacto da Carne Bovina Sobre a Saúde Humana, ministrado pelo Dr. Marcelo Chiara Bertolami, diretor de divisão científica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo. A palestra vai abranger doenças cardíacas e arteriais provocadas pelo aumento das taxas de gorduras sanguíneas (colesterol, gordura saturada, gordura trans).
O evento será realizado entre os dias 16 a 19 de novembro, no Cine Teatro da Universidade Vila Velha (UVV), no Espírito Santo e é voltado para estudantes de ciências agrárias, pecuaristas e profissionais do setor da cadeia produtiva da carne.
Fonte: Canal Rural