Você comeria carne artificial?

Postado em 28/09/2012 por Adriano Garcia. Classificado como Carne e saúde, Debates, Não faz sentido!

Um bife que chegará ao seu prato sem nunca ter sido parte de um animal. É esta a pesquisa que, segundo jornais brasileiros, está sendo desenvolvida pela Universidade de Maastricht, na Holanda. O objetivo dos pesquisadores é criar, em laboratório, um alimento artificial, assemelhado à carne, destinado à substituir o filé. Segundo os pesquisadores, a carne artificial será desenvolvida a partir de células musculares e teria escala suficiente para “resolver o problema da fome do mundo” e do “meio ambiente planetário”. Bonito, não?

A pergunta prática é: você comeria? Desde a invenção da “saudável” (e intragável para muitos) carne de soja, que a indústria alimentícia tenta, sem sucesso, substituir o genuíno boi na criação de um bife artificial. Até o momento o sucesso tem sido equivalente ao da indústria do suco na criação do kissuco sabor abacaxi, que de abacaxi não tem nem a lembrança.

Os pesquisadores de Maastricht, financiados com verba do governo holandês, prometem que ainda em 2012 a carne artificial estará disponível para testes, embora o líder do grupo, Mark Post, tenha dito em fevereiro que não havia sequer provado do produto, feito a partir do cultivo das famosas células-tronco.

Outro grupo dedicado à questão, de Stanford (EUA), também diz já ter amostras do produto, mas não o suficiente para um único hambúrguer. Mesmo assim, o líder do grupo americano, Patrick Brown, se diz otimista e dispara críticas ao colega holandês: segundo ele, a estratégia holandesa não é viável economicamente. Por outro lado, Brown – que jura já ter provado da carne criada no laboratório de Stanford – não diz qual o processo de produção de sua carne, nem quando ela estará disponível.

O ramo de pesquisa da carne artificial realmente parece promissor. Os adeptos do churrasco criado em laboratório tem até um representante high tech: Peter Thief, um dos fundadores da empresa intermediadora de pagamentos PayPal. Peter investiu entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões em uma empresa, chamada Modern Meadow, cujo objetivo é, simplesmente, criar uma “impressora de carne”. É sério: a empresa diz ser capaz de reproduzir, através do uso de células e uma “impressora 3D”, órgãos e tecidos para transplantes e, também, bifes para consumo. Porém, este é um objetivo a longo, muito longo prazo: segundo a empresa, em uma primeira fase, os pedaços de carne “impressos” terão 2cm x 1cm x 0,5 mm, insuficientes para um buraco de dente.

E você? Está pronto para trocar a picanha por uma peça de carne feita em laboratório?


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